Depoimentos


A série “Depoimentos para a Posteridade” é projeto pioneiro e vitorioso, criado por Ricardo Cravo Albin, um ano após a fundação do Museu da Imagem e do Som, em 1966. São gravações de depoimentos prestados por personalidades dos mais diversos setores da cultura. Os nomes eram inicialmente escolhidos por conselheiros dos campos da literatura, teatro, esportes, música, artes plásticas, cinema, jornalismo e outros.

O primeiro entrevistado foi o grande João da Baiana, cantor, compositor, ritmista, autor de clássicos e ainda pintor de paisagens e cenas de Carnaval. Em agosto de 1966, o artista, que é considerado o introdutor do pandeiro no samba, abriu a importante série do Museu, deixando sua história para gerações futuras. O sambista teve o nome escolhido por unanimidade pelo Conselho Superior de MPB do Museu.

Posteriormente os gigantes Donga e Pixinguinha concederam seus depoimentos. Na época, a orientação era que teriam preferência os entrevistados mais idosos. Chico Buarque, um dos maiores artistas da MPB, gravou seu registro em 1966, aos 22 anos de idade, rompendo esse preceito.

Em 1990, ficou estabelecido que os depoimentos seguiriam a metodologia usada nos programas de história oral, utilizada até os dias atuais. Escolhido o depoente, sua biografia é profundamente pesquisada pela equipe do MIS. Com esse material em mãos, é escrito um texto, narrando a trajetória do homenageado. Também são realizadas conversas, onde fragmentos de memórias e relatos afetivos ajudam a montar um quadro fiel do depoente, para retratar, de seu nascimento, até a atualidade. Todo esse material é submetido ao entrevistado para ser avaliado.

O Museu da Imagem e do Som conta com um acervo com mais de mil depoimentos para a posteridade. De 1966 até 1995 foram registrados apenas em áudio. A partir de 1995 passaram a ser documentados em vídeo. Esses registros de tantas personalidades que ajudaram a escrever e marcaram a história do Brasil são tesouros que atraem pesquisadores, músicos, escritores e profissionais de diferentes áreas.

É importante ressaltar que, mesmo durante a Pandemia Covid-19, o trabalho continuou. Em maio de 2021, a série Depoimentos para a Posteridade foi retomada e iniciou uma nova etapa de sua história, ao ser realizada on-line, respeitando os protocolos de saúde e preservando a segurança de todos, depoentes e equipe do MIS. A tecnologia digital abriu novas e vastas possibilidades, ao permitir que o depoente que estiver em qualquer região do planeta possa ser ouvido e visto.

O retorno da gravação presencial, que aconteceu em 3 de setembro de 2021, foi emocionante. No dia já emblemático do aniversário do MIS, o Depoimentos para a Posteridade recebeu, com muita honra, Ricardo Cravo Albin, um dos maiores pesquisadores da música popular brasileira e um dos fundadores do MIS, tendo dirigido o Museu de 1965 até 1971.

Desde a criação da série, em 1966, e pela primeira vez na história do MIS, em outubro de 2021, outro passo relevante: o Depoimentos para a Posteridade foi gravado em outro estado. Maria da Penha Maia Fernandes, indicada ao Nobel da Paz em 2017, trabalhadora incansável na luta contra a violência sofrida pelas mulheres, foi a depoente, no Instituto Maria da Penha, em Fortaleza.

Em fevereiro de 2022, abrindo o ano, o primeiro registro do Depoimentos para a Posteridade foi realizado no MIS Praça XV, sede histórica que comemora seu centenário em setembro de 2022. No depoimento do consagrado José Carlos Araújo, o “Garotinho”, foi agregada mais tecnologia na série: duas câmeras, com o objetivo de melhorar a qualidade documental do material, já pensando em oferecer opções para as pesquisas que são realizadas no Museu.

A partir de maio de 2022, o Depoimentos para a Posteridade passou a ser gravado com três câmeras. A dedicada equipe que realiza a série está sempre buscando soluções que ampliem e melhorem imagens e conteúdo que serão oferecidos ao futuro pesquisador. A série, pela sua dimensão, é fonte de conhecimento, inspiração e impulso criativo para geração de novos saberes.

Em junho de 2022, a grande virada da série: a histórica conexão direta com a Antártica, o continente gelado, celebrando os 40 anos do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que projetou o nome do Brasil no cenário internacional, com pesquisas relevantes para o país e o mundo. O Depoimentos para a Posteridade comemorou os desbravadores e suas conquistas com uma conversa diretamente da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), tendo como depoentes o Capitão de Fragata Alessandro Gurski, que participou remotamente, e o Contra-Almirante José Henrique Elkfury, na sede do Museu da Imagem e do Som.

Um imenso desafio gratificante para todos, que demonstrou o empenho do Museu em registrar mais esse documento, que servirá a tantos estudos. Assim como os brasileiros na Antártica, a equipe soube enfrentar as muitas dificuldades logísticas para entregar mais uma gravação valiosa para o acervo do MIS.